A Ilhota - Década de 1960






Antes do arroio Dilúvio ser canalizado, na época que chegava até a Ponte de Pedra, ele fazia algumas curvas logo após a ponte da Azenha, até chegar na Rua João Alfredo. Entre estas voltas formou-se uma região que ficou conhecida como Ilhota.

Era uma região em que moravam pessoas pobres, sendo a grande maioria da população local negra. A Ilhota sofria muito com os alagamentos que aconteciam a cada chuva forte, pois o riacho transbordava e alagava o lugar. Por essas e outras que o nome arroio "Dilúvio" não é coisa do acaso. O arroio Cascatinha vinha do sul e juntava-se ao Dilúvio exatamente na mesma região, o que piorava a a situação dos alagamentos.
Ela se localizava ao sul da praça Garibaldi (que não aparece na foto), entre a Av. Getúlio Vargas (n°2), a Rua 17 de Junho (n°3) e a antiga Rua Arlindo (n°4). Atualmente a rua Arlindo não existe mais, e no seu lugar passa a Av. Érico Veríssimo.

Era formada praticamente por becos, com duas ruas principais, a Rua Ilhota e a Travessa Batista. Seus moradores mais conhecidos foram o músico Lupicínio Rodrigues e o jogador de futebol Osmar Fortes Barcellos, mais conhecido como Tesourinha.

Com a canalização do Arroio Dilúvio a Ilhota se expandiu para leste na direção da Av. Azenha, ocupando a parte sul da Rua Dr. Sebastião Leão (n°5) até as imediações da Rua Lima e Silva, que na época recém tinha sido ligada na Av. Ipiranga.
No final da década de 1960 começou a remoção dos moradores do lugar para um novo bairro chamado Restinga, que na época não tinha a menor infraestrutura para recebe-los. Mas isso era o de menos para as autoridades. O importante era tirar o povo dali e liberar o lugar para o novo projeto que seria executado no início da década de 1970, chamado de Projeto Renascença.

E assim a Ilhota deixou de existir.

Atualmente onde estava a Ilhota existem alguns locais como a Av. Érico Veríssimo, o Hospital Porto Alegre, o Atelier Livre e o Ginásio Tesourinha, que recebeu este nome em homenagem ao já citado morador da Ilhota e jogador de futebol Osmar Fortes Barcellos.

Detalhe ampliado de foto de Léo Guerreiro e Pedro Flores.
Data: década de 1960.
Acervo do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo 2002f.
Cores Digitais.

Referências:
Vieira, Daniele Machado. TERRITÓRIOS NEGROS EM PORTO ALEGRE/RS (1800 – 1970):
Geografia histórica da presença negra no espaço urbano.
Dissertação de Mestrado (UFRGS) - 2017.

Comentários

  1. Morei por aí, de meados da década de 50 até 1968, quando tivemos que mudar para Cachoeirinha.
    Acredito que minha casa se localizasse exatamente no local onde foi marcado o nº 4. Um pouquinho à direita, em uma área sob árvores, era a residência do zelador do "Campo da Sociedade Israelita" e, atrás da casa, a quadra de basquete em que jogávamos, quando aluno do Protásio Alves.
    No alinhamento entre o fotógrafo e um prédio cuja construção foi interrompida por muitos anos, reconheço os fundos do então Restaurante Universitário, onde minha mãe trabalhava e eu passava o tempo. Na foto, nem resquícios das obras do Shopping João Pessoa, na área destinada a instalação dos Circos que visitavam Porto Alegre.
    Garivaldino Ferraz - Brasília

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que legal, você foi testemunha ocular dessa história.
      Tem mais fotos no blog que aparece a região da Ilhota. Escreve "ilhota" na pesquisa que aparecem os posts.
      Obrigado por visitar o blog.
      Abraço.

      Excluir
  2. Esqueci de completar: Fico muito grato pela publicação da foto que me trouxe boas lembranças de minha infância.
    Garivaldino Ferraz - Brasília

    ResponderExcluir

Postar um comentário